MANIFESTO ALVINEGRO

UM ATO DE AMOR E UM BRADO DE RESISTÊNCIA

Cientes da responsabilidade de nosso discurso e da fiel reprodução do mesmo por nossos representantes e simpatizantes da causa, verbalizamos nosso pensamento através desta carta-manifesto, destinada a todos aqueles que, como nós, amam o Grêmio Recreativo Cultural e Social Escola de Samba Vai-Vai.

Somos o povo de nossa escola, os filhos de uma nação de imensa representatividade sociocultural para o Brasil. No bairro do Bixiga, aprendemos o sentido de viver em comunidade e os fundamentos tradicionais do samba.

Construímos laços familiares e amizades de amplo convívio, descobrimos nossas vocações e dedicamos tempo e força para um bem maior, único e intangível: A Escola de Samba do Povo.

Participamos de diversos momentos da agremiação. Falamos em nome dos mais velhos, com a sabedoria e história que, pacientemente, nos contaram e confiaram, e dos mais novos, que estrearam em eras recentes, que ajudam a perpetuar a obra e o amor construído com tanto suor pelos nossos fundadores e pelos jovens de outrora, hoje, nossa Velha Guarda.

Vivemos grandes e exuberantes carnavais, mas também suportamos as dolorosas terças-feiras de insucesso.

Dividimos o mesmo teto de lona, de madeira ou de metal. Compartilhamos das chuvas e dos raios solares, das tempestades e calmarias, pela São João e Tiradentes, até os caminhos do Anhembi.

Vivemos a evolução dos ensaios, antes desfilados entre a Cardeal e a Marques Leão, hoje desdobrados pela pista do sambódromo moderno. Vimos o Alvinegro, outrora absoluto, ceder espaço para outras cores. Assistimos o intimismo dos desfiles transmitidos via rádio ganhar a publicidade da televisão.

Fomos representados por homens e mulheres, líderes e lideranças, por um caminho que nos elevou, indubitavelmente, a condição de maior Escola de Samba do Carnaval Paulistano.

Aprendemos a respeitar decisões, diretrizes e escolhas, muitas vezes de maneira discordante, mas nunca indisciplinados. Aprendemos o que é ser uma grande comunidade.

Contudo, aprendemos também – a duras penas – que todo ciclo tem seu fim. Numa comunidade, a liderança finda quando não há legitimação da representatividade dela para o seu povo.

Mesmo nossos mais vitoriosos lideres tiveram seus períodos encerradas ou interrompidas quando já não havia mais a coesão necessária para levar adiante a bandeira jurada.

Somos, acima de tudo, partes individuais fundamentais da construção do todo, mesmo que a cegueira de alguns os impeça de enxergar o óbvio. Somos, cada um de nós, o grão que compõe a centeia.

Uma agremiação dita como de pertencimento do povo, não pode estar a revelia de uma liderança. Na verdade, a própria construção imagética de um Grêmio Popular nos sugere que a liderança é quem deve estar ao dispor da vontade dos representados.

Democracia – Palavra oriunda do grego dēmokratía, junção de demos (o povo) e kratos (o poder). Esta foi uma das principais características do G.R.C.S.E.S Vai-Vai ao longo dos tempos. Infelizmente, o principio democrático vem sendo ferido por uma gestão que age em desacordo com os interesses de sua comunidade e aparelha departamentos para se perpetuar no controle, ferindo as regras da instituição – pautadas pelo seu estatuto, alterado sem prévio aviso e sem a participação dos seus legítimos donos: “O POVO”.

Ainda sobre a democracia, este documento brada em nome daqueles que vem sendo perseguidos e afastados da agremiação por erguerem suas vozes contra os desrespeitos praticados por ditos diretores. Brada também por aqueles que não concebem como algo normal e rotineiro a deterioração de nosso patrimônio, configurada nas dividas trabalhistas e de fornecedores, além da perda de nosso patrimônio.

Falamos aqui por centenas de vozes insatisfeitas com o atual rumo de nossa querida agremiação. Este manifesto compõe a voz de uma comunidade ferida e triste, que encontra – neste grupo de oposição – uma voz libertadora!

Sendo assim, MANIFESTAMO-NOS:

1) Contra o apoio de caráter político partidário emanado pelo presidente em exercício durante os períodos eleitorais, o que constitui infração do Item “C” do Artigo 8º do Capítulo I do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

2) Contra a omissão do Conselho Deliberativo diante da irresponsabilidade financeira da diretoria executiva, o que constitui infração do Item “F” do Artigo 8º, Capítulo I do estatuto no que se refere as responsabilidades do mesmo e que justificaria a exclusão do membro da diretoria – e, portanto, associado – de acordo com os itens “A” e “B” do Artigo 19º do Capítulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

3) Contra a omissão do Conselho Deliberativo perante atos de irresponsabilidade patrimonial praticados pela diretoria, fatos estes que ocasionaram a perda de nosso barracão, do caminhão para transporte de materiais, de nossa ambulância e do Clube de Praia de Itanhaém, além de outros, o que imputa os responsáveis no Parágrafo Primeiro do Artigo 18° do Capítulo III e também no item “J” do Artigo 46º do Capítulo VII do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI quanto ao zelo para com as despesas e receitas da entidade.

4) Contra o afastamento de componentes que se manifestam ou se manifestaram em virtude de tantos desmandos. Os atos de constrangimento e a proibição de participação destes componentes nas atividades da escola – incluindo chefes de barraca e outros com anos de serviços prestados – por se tratarem de retaliação política e pessoal, não vão de encontro aos ideais da agremiação. Mais que uma questão de respeito a história de nossos membros – parte do que se entende por patrimônio imaterial – trata-se também de atitude danosa aos interesses da entidade enquanto comunidade, o que fere o Item “B” do Artigo 19º do Capítulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

5) Contra o procedimento das tais exclusões – não previstas aos componentes via estatuto, e, portanto, sendo caso para discussão em assembleia – que sequer foram discutidas, apenas deliberadas sem que houvesse uma base precedente no Capítulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI, onde estão discriminadas as razões e instrumentos para exclusão ou suspensão de um associado.

6) Contra a pratica covarde de impedimento de entrada de menores de idade, cujos pais ou parentes se manifestaram, de maneira discordante, em relação ao sistema de comando da atual diretoria – ferindo de maneira óbvia, o “D” do Artigo 19º do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

7) Contra a divisão e apropriação desta gigantesca comunidade por parte de membros desta diretoria, que em seus atos de coação contra outras lideranças em razão das eleições de 2014, afastou todos aqueles que decidiram se candidatar no pleito em questão. A medida, além de impraticável no que diz respeito aos que faziam parte do Conselho e foram excluídos sem a observância das regras dispostas no Artigo 19º do Capítulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI, configura pratica de monopólio eleitoral.

8) Contra a violação do protocolo eleitoral que prevê os pleitos no mês de maio, diferente do que ocorre neste momento, ferindo assim o Artigo 78º do Capítulo XI do estatuto da G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

9) Contra a permissividade do Conselho quanto a elegibilidade dos membros da atual diretoria, uma vez que as dívidas para com fornecedores, órgãos estatais e antigos colaboradores – que entre pendências e valores requeridos judicialmente – já giram em torno de R$ 2.500.000,00 (Dois milhões e quinhentos mil reais. A contração destas despesas e eventuais consequências da má gestão das contas são de inteira responsabilidade dos administradores da agremiação, o que os tornaria inelegíveis ao incidir sobre os itens “B” e “F” do Artigo 19º do Capítulo III e por consequência no Artigo 79º do Capítulo XI do Estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

10) Contra a imagem de má pagadora, imputada em nossa escola por conta dos débitos com profissionais e fornecedores e exemplificada pela matéria da VEJA São Paulo sobre a dívida não honrada com o Palácio das Plumas. Tais constrangimentos atrapalham a obtenção de parceiros e até a contratação de bons nomes do mercado, o que fere os itens “B” e “F” do Artigo 19º do Capítulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

11) Por considerarmos inaceitável a alteração do estatuto da escola de samba VAI-VAI, um mês antes da eleição, com o intuito de permitir que apenas conselheiros da escola possam votar para presidente, tirando um direito que é do associado, segundo o Artigo 79º do Capítulo V do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

12) Por considerarmos inaceitável a influência que a direção executiva exerce sobre o conselho, indicando membros para que estes possam eleger a presidência, num jogo de cartas marcadas; tal pratica inibe a ação de fiscalização para qual o Conselho Deliberativo fica incumbido, ferindo o Artigo 30º do Capítulo V do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

13) Por considerarmos inaceitável que a comunidade não tenha, desde 2008, uma reunião sequer de prestação e contas, sem que estas possam ter sido auditadas por um grupo independente e sem interesses de poder, o que iria de encontro as regras de compliance – que regem o mercado atual – e com as quais a agremiação deveria estar alinhada através de seu associados, conselheiros e diretores, como recomenda o Item “E” do Artigo 24º do Capitulo III do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

14) Por considerarmos inaceitável que nossos componentes – por diversas vezes – não possam receber a fantasia de carnaval no estado correto de uso, num descumprimento dos compromissos firmados pela entidade, causando tamanha tristeza naquele que espera o ano todo o dia do desfile e também nos torcedores da escola. Tal descompromisso fere o Item “B” do Artigo 19º do estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

15) Por considerar que a escola não dá o devido tratamento ao programa de associado – pelos interesses eleitorais expostos na 11ª Disposição deste documento – criando uma área vazia e podando o surgimento de novas lideranças, o que atenta contra o regime democrático idealizado pela agremiação e que seria fundamental para o funcionamento das engrenagens administrativas determinadas pelo estatuto do G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

16) Por considerar necessário que a escola reforme o seu estatuto, adequando o mesmo ao código civil e aos nossos tempos, e devolvendo o poder de escolha ao povo, tanto para presidente, quanto para o conselho; evitando que gestões mal-intencionadas se apropriem de um patrimônio cultural e social sem dono.

17) Por considerar que todo ciclo tem um fim, que ninguém é maior que a própria escola e que é hora de arejar a gestão, com mentes mais preparadas e focadas em suas áreas de aptidão; com o objetivo de reconstruir a escola, sem excluir ninguém.

Mais do que buscar a fundamentação técnica no estatuto da G.R.C.S.E.S VAI-VAI, nos comprometemos enquanto sambistas com o nosso pavilhão e com a nossa comunidade, para que juntos possamos dar a nossa escola dias melhores.

E então, nos proclamamos:

– Opositores da atual gestão da G.R.C.S.E.S VAI-VAI.

Não somos oposição a escola e jamais seremos, mas iremos até o fim com o nosso objetivo da retirada da atual direção e do direito de escolha da nossa comunidade por um projeto que tenha por finalidade:

– UNIR A ESCOLA;

– SANEAR AS CONTAS;

– DESENVOLVER O NOSSO PATRIMÔNIO;

– REALIZAR GRANDES CARNAVAIS;

Se você se identifica com os nossos objetivos, junte-se a nós. Faça como centenas de insatisfeitos, ajude a melhorar a sua escola.

Se a saída é ter esperança – como dizia o enredo campeão do Carnaval de 2008 – seguiremos na luta por nosso povo, nossa gente, nossa raça e nossa escola.

Por um G.R.C.S.E.S Vai-Vai para todos!

O BIXIGA ACORDOU!

A ESCOLA DO POVO, PARA O POVO DA ESCOLA!

32 comentários em “MANIFESTO ALVINEGRO

    1. Sou VAI VAI desde que nasci (1953) e sou a favor dos pleitos. Estou a disposição só convocar estarei no local. FORA NEGUITAO
      SERGIO MARCELINO – ADVOGADO

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  1. Amo por demais a Vai Vai!!!! Dói muito ver a mesma nesta absurda situação. Tive a honra de desfilar e participar por 10(dez) anos. Depois do falecimento do meu esposo (Tinguassa)que era prata da casa, não participo mais Continuo a torcer pela Vai Vai e por toda a comunidade.

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  2. É hora de mudança,minha família e eu também somos a resistência vai vai,já passou da hora de devolverem o vai vai ao povo de fato .

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  3. Jamais poderiam proibir a entrada de qq pessoa pelo simples fato da escola invadir a rua, que é espaço público. A escola tb não tem o poder absoluto de proibir a participação de qualquer pessoa uma vez que o estatuto aponta situações pontuais e muito específicas. A simples decisão de não permitir a participação de fora do estabelecido é ilegal. É preciso questionar o forma de eleição. Proclamar como certa a diretoria atual fere o estatuto uma vez que nenhum.procedimento eleitoral previsto na normativa estatutária foi realizado, sendo assim esta diretoria é irregular.

    Curtido por 1 pessoa

  4. Precisamos de mudanças respeito a comunidade e ao pavilhão, e com as pessoas que trabalha voluntária mente pela escola, mudança com responsabilidade e seriedade e comprometimento com a escola

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  5. Jamais poderiam proibir a entrada de qq pessoa pelo simples fato da escola invadir a rua, que é espaço público. A escola tb não tem o poder absoluto de proibir a participação de qualquer pessoa uma vez que o estatuto aponta situações pontuais e muito específicas. A simples decisão de não permitir a participação de fora do estabelecido é ilegal. É preciso questionar o forma de eleição. Proclamar como certa a diretoria atual fere o estatuto uma vez que nenhum.procedimento eleitoral previsto na normativa estatutária foi realizado, sendo assim esta diretoria é irregular.

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  6. Somos todos pavilhão e a insatisfação é unânime , com as más escolhas e posicionamentos errôneos.
    Vamos a luta por um Vai – Vai mais feliz !!!

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  7. Fora corja de pilantras! Já deu pra vocês seus lixos! Vamos resgatar oque nossos antepassados construíram! #juntossomosmaior #mudavaivai #forapilantras #obixigaacordou #anaçãoalvinegraacordou

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  8. Tá ligado , poucas pra esse maluco aí arrogante do caralho,chegou na quebrada de chinelo no pé e pedindo licença pra passar,agora arrogante pra caralho ,tem o rei na barriga porra,pior de tudo é ver a escola nessa situação aí tendeu,se a escola é do povo,então trate o povo com humildade caralho, mudança mesmo,pra melhor !!!

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  9. A comunidade merece transparência, respeito… Quando acaba o ” mandato ” previsto no estatuto e o mesmo ” já estando irregular ” , acha que tem que criar na raiz no ” cargo ” , como podemos chamar isso ?

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  10. Nossa escola tem 88 anos de vida , não se pode mais ouvir das pessoas que somos arrogantes e autoritários, isso é a imagem que esse que se diz oresidente passa lá fora , e estamos perdendo o crédito devido a dúvidas contraídas , queremos transparência , e não de bom foi feito para a melhoria da escola , basta

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  11. A mim Chefe de ala deram a opção de continuar na escola desde que decidisse ficar do lado da atual diretoria. Se apoiasse o Tobias ou qualquer outro da oposição não seria mais permitida a entrada nem mesmo dos meus filhos na escola. Tenho o audio como prova desse absurdo. Não me junto à opressores. Estou fora e não preciso ser anônima.

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    1. Ouvi esse áudio e fiquei indignado, ameaçar as crianças de não participar mais das atividades do vai vai foi a coisa mais absurda desse mundo.
      A mamata está acabando .

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  12. Amo a Vai-Vai desde sempre, apoio o que for melhor para a comunidade, é nítido que há muito tempo a Vai-Vai deixou de ser a escola do povo, então é hora de mudar!!!!!

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  13. Sinto falta da escola do povo como era! Do tempo que se tinha respeito pelo próximo ,onde todos estavam ali por amor e não por status ,onde todos davam e faziam seu melhor pela comunidade !como o nome ja diz vai – vai a escola do povo ,infelizmente ja nao e mais assim á atual diretoria pensa somente em benfeitorias que apenas promovem beneficios a eles !
    Sem pensar na escola como um todo !
    Sem pensar em quem realmente ama ė luta pelo vai-vai .
    #muda vai-vai

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  14. Eu sou Vai-Vai de Alma e Coração e estou com a comunidade da escola nesta luta para reintegrar ao povo sua escola linda e amada! É tempo de limpeza e reorganização: lugar de Lixo é no lixo. Simples.👊🏻🙌🏻🖤

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